Enem 2018: uso de energéticos pode atrapalhar desempenho do estudante
Substâncias podem diminuir concentração, causar insônia e ansiedade. Especialistas explicam efeitos.
Com a proximidade do Enem, é comum que a rotina dos estudantes se altere para que o foco fique todo na preparação para as provas. Com isso, muitos passam a fazer uso de aditivos como energéticos, cafeína e guaraná em pó, mas o que pode funcionar em uma noite, pode provocar um efeito contrário e nocivo a curto e longo prazo.
O endocrinologista Francisco Tostes, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e diretor da Clínica Nutrindo Ideais, explica que estas substâncias têm efeito adrenérgico, ou seja, ativam o sistema nervoso sensível aos neurotransmissores adrenalina e noradrenalina, hormônios que “preparam” o corpo para ações, geralmente relacionados ao estado de alerta do corpo.
“Elas têm efeito adrenérgico, funcionando como estimulantes, reduzindo então a percepção de cansaço”, explica Tostes.
Junto com este estímulo, surgem alguns efeitos negativos que produzem o efeito oposto ao desejado pelos estudantes. “De uma maneira imediata, já podem causar agitação e, consequentemente, dificuldade de se concentrar; deixando portanto de atender ao motivo pelo qual estão sendo usados”, diz Tostes.
“Seu uso crônico pode provocar transtornos de ansiedade, distúrbios do sono e elevação da pressão arterial, por exemplo”, explica o endocrinologista Francisco Tostes.
Tostes esclarece ainda que o chamado efeito rebote após o uso é comum, especialmente se a pessoa exagera no uso destas substâncias: “Se levarmos nosso corpo acima do limite sob efeito de estimulantes, posteriormente os reflexos podem ser sentidos, com um quadro de cansaço até maior”.
Planejamento contra a ansiedade
Marcelo Dias, coordenador do curso Etapa, explica que costuma trabalhar com os alunos um planejamento anual para que eles sintam menos a pressão das provas e não achem que precisam de estimulantes às vésperas do Enem.
Dias conta ainda que costuma conversar com os alunos para que eles não usem aditivos e que o mais comum costuma ser o guaraná em pó: “Pode ser que uma noite ele consiga ficar acordado, mas tem o efeito rebote. A longo prazo isso pode ser ruim, passa a intensificar problemas como insônia e atrapalha a rotina de todo o ano”.
Energéticos: médicos e professores não recomendam o uso. — Foto: Pixabay
“Energético de uso moderado ou algumas xicaras de café, ok. Mas de forma intensiva como alguns fazem é ruim porque desregula todo o processo de aprendizado. A gente sempre recomenda que qualquer energético pode ser perigoso em excesso”, explica.
E recomenda:
“Para a produtividade, melhor que energético é uma boa noite de sono. Ele vai render muito mais que um aluno que ficou acordado e no dia seguinte está muito cansado.”- Marcelo Dias, coordenador do curso Etapa.
Nesta fase pré-Enem, Dias acredita que uma conversa entre alunos e professores pode ajudar a dar a confiança necessária para o momento de pressão e muitas vezes de incerteza: “Eu acho que eles têm muito problema com autoconfiança. Talvez pela idade. É o primeiro grande embate deles, eles ficam com medo, o que provoca uma baixa no desempenho. No cursinho, é muito comum ver professores conversando com alunos, algumas palavras caem como uma luva. A confiança é o ponto central para o vestibulando”.