Por que você não deve fazer o desafio da farinha com seu filho
Com a quarentena, vários desafios estão viralizando nas redes sociais. O da farinha, por exemplo, tem a seguinte lógica: duas pessoas respondem perguntas simultaneamente e, dependendo da resposta, mergulham o rosto de um dos participantes na farinha de trigo. A brincadeira ganhou adesão de anônimos e famosos. Até mães e pais passaram a reproduzi-lo em casa com os pequenos.
A brincadeira, no entanto, pode ser fatal ou ocasionar sérios problemas de saúde. Em entrevista à Crescer, o pneumologista Marcelo Rabahi explica que a farinha é feita de partículas muito finas, que podem atingir a parte mais profunda do pulmão, levando a uma irritação.
“Como é uma partícula inorgânica, ou seja, industrializada, provavelmente vai prejudicar o aparelho respiratório, ocasionando uma crise de tosse. Ao tossir, a pessoa vai inalar uma quantidade muito maior de farinha, podendo levar, consequentemente, a uma insuficiência respiratória. Então, ao aspirar mais farinha, ela poderá ter falta de ar”, explica.
O passatempo é mais arriscado ainda para quem já tem problemas respiratórios.
“Em pessoas com asma ou bronquite, por exemplo, pode ser uma tragédia, pois elas já têm o aparelho respiratório debilitado. É preciso ter muito cuidado. Se você der uma gargalhada após afundar o rosto na farinha, esse ato de gargalhar também pode levar a aspiração”, alerta Marcelo.
Riscos para os pequenos
Segundo o pneumologista, as crianças são ainda mais vulneráveis à brincadeira. “Quando você leva o rosto na farinha, pode molhá-la com a saliva, formando pequenos grumos. Esses grumos podem ir para o pulmão e obstruir a passagem de ar, trazendo consequências muito sérias aos pequenos.”
Castigando defeitos
Além dos prejuízos à saúde, há quem considere nocivo constranger os pequenos por causa de seus defeitos. Na última semana, Samara Felippo foi às redes sociais para defender o ponto de vista. Segundo a atriz, mãe de duas meninas, é preciso enaltecer as qualidades das crianças, e não o contrário.
“Eu jamais empurraria citando defeitos. Crescemos com nossas mães inconscientemente nos rotulando e repetimos esse padrão com nossos filhos. Vi essa ‘brincadeira’ e resolvi vir dar um alerta com amor e diversão”, desabafou.