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Empréstimo por cartão de crédito pode ser considerado agiotagem,diz Procon-PE

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Ao logo dos últimos meses, o Procon-PE fechou oito financeiras que realizavam empréstimo consignados irregulares no Recife. Essas empresas oferecem empréstimos pedindo como garantia o cartão de crédito ou fornecendo um cartão com parcelas e juros abusivos, sem que os clientes saibam em que estão entrando.

De acordo com o órgão, muitas pessoas têm caído no golpe, que é crime contra a economia popular e pode ser considerado agiotagem eletrônica.

A fiscalização do Procon teve início na metade do mês de agosto, por causa do número crescente de reclamações. Atualmente, por causa da grande demanda, o órgão reserva um balcão de atendimento para atender exclusivamente queixas desse tipo. Ao total, já foram visitadas 50 empresas.

De acordo com o Procon, o esquema funciona assim: o banco, com autorização do Banco Central, delega serviços a correspondentes bancários. Esses, por sua vez, contratam corretores, que abrem lojas e usam a marca da instituição financeira. Os corretores vendem empréstimos com ajuda dos “pastinhas”, pessoas encarregadas de atrair os clientes nas ruas.

Os empréstimos ofertados para esses clientes, no entanto, dependem de um cartão de crédito, já existente, ou de um novo, que a empresa cria e envia para eles. As parcelas são estabelecidas com juros altíssimos. E na maioria das vezes, segundo o Procon, isso acontece sem que o cliente entenda bem ao que está sendo submetido.”Isso compromete todo o seu orçamento. Porque além de eles descontarem a parcela do empréstimo pessoal, eles descontam a parcela do cartão de crédito, descontam seguro. Enfim, se torna um caos e o consumidor, no final do mês, fica sem receber nenhum tostão”, explica o atendente do Procon André Viriato.

José Carlos foi um dos idosos que caiu no golpe. Ele conta que foi a um banco em busca de um empréstimo para comprar um imóvel. Lá, conseguiu parte do dinheiro e foi direcionado para uma financeira ao lado, onde assinou um contrato.

Mas ficou surpreso quando recebeu em casa um cartão de crédito, e dias depois a fatura no valor de R$ 1.929,63 que ainda chegou com um desconto de R$ 68 no benefício da aposentadoria, que ele pagaria por tempo indeterminado. “Nem o meu salário dá para cobrir isso”, diz o aposentado.

Para garantir o pagamento do valor acertado, as vítimas desse golpe geralmente são pessoas que não correm o risco de ser demitidas ou ter seu rendimento suspenso em pouco tempo, como é o caso de aposentados e servidores públicos. Nas ruas, tem sempre gente pronta para abordar o público e oferecer a proposta.