Exercícios físicos ao ar livre favorecem a disseminação da Covid-19
Contrariando as recomendações de isolamento social, aumentou o número de pessoas que praticam exercícios físicos ao ar livre em Maceió, sem máscaras e outros cuidados, principalmente na orla marítima e em praças públicas. A aglomeração gerada pelas atividades em ambientes externos tem preocupado os médicos, que temem o avanço da Covid-19.
Um dos alertas foi feito pela médica infectologista Sarah Dellabianca, diretora do Hospital da Mulher Drª Nise da Silveira, durante entrevista coletiva on-line. “Temos visto com muita frequência e diariamente a quantidade de pessoas praticando atividades físicas na orla. A gente sabe que o ato de correr e caminhar faz com que a mobilização de secreções atinja um raio superior a dois metros. Então, às pessoas que acham que a atividade física é isenta de risco: quando é feita de maneira aglomerada, esse risco aumenta e aumenta consideravelmente”, alertou.
Andar em dupla não é seguro – Para o presidente da Sociedade de Medicina de Alagoas, Fernando Gomes, a progressão da pandemia atravessa um dos momentos mais críticos, o que aumenta a importância do isolamento social. “Devemos praticar exercícios físicos, mas de forma individual e se possível em casa. A prática de andar em dupla não é segura”, observou Fernando Gomes. Para o médico, a quebra do isolamento pode elevar a curva de contágio pelo novo coronavírus, sobrecarregando o sistema hospitalar.
Em Alagoas, academias, clubes, centros de ginástica e estabelecimentos similares estão com as atividades suspensas pelo decreto governamental que prorrogou, até 5 de maio, as medidas de enfrentamento à Covid-19 com foco, sobretudo, na manutenção do isolamento social.
Conselho faz recomendações – Diante do novo contexto da Covid-19, o Conselho Federal de Educação Física (Confef) emitiu recomendações aos profissionais. A busca de alternativas de acompanhamento à distância e a adaptação da rotina de exercícios e treinamentos, de diferentes grupos sociais, aos recursos tecnológicos, estão entre as principais orientações.
O coordenador de Fiscalização do Conselho Regional de Educação Física da 19ª Região, Antônio Neto, afirmou que o órgão, em Alagoas, segue as recomendações da entidade superior. Segundo eles, as diretrizes estão baseadas no que estabelece a Organização Mundial de Saúde (OMS), principalmente quanto à prescrição de exercícios preferencialmente feitos em casa.
Neto observa, entretanto, que por não haver proibição específica para a prática de exercícios físicos em áreas abertas, a orientação é evitá-los. E, quando prescritas, essas atividades devem ser feita atendendo às normas de distanciamento e de conduta, como manter a distância de cinco metros entre um indivíduo e outro durante uma caminhada; 10 metros para a corrida e de 20 para o ciclismo. Máscaras devem ser usadas por todas as pessoas que saírem de casa.
“Quando se faz uma caminhada na orla – seja por prescrição de um profissional de educação física ou por livre vontade de caminhar – você tem que, no mínimo, respeitar essas distâncias. Um estudo recente, publicado por universidades da Bélgica e da Holanda, mostrou que uma atividade simples como uma caminhada libera aerossóis, através da respiração da pessoa, por uma distância de até cinco metros”, destacou o coordenador.