Prorrogação de auxílio emergencial de R$ 600 exige debate sobre corte no salários de servidores, diz Maia
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quarta-feira (10) que o gasto da União para manter o auxílio emergencial de R$ 600 por mais dois meses seria superior a R$ 99 bilhões, o que exigiria um corte de salários de todos os servidores federais para fazer frente à despesa.
Ele citou como exemplo de ganhos que poderia ser reduzidos no funcionalismo aqueles acima de R$ 10 mil ou R$ 15 mil.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ventilou a ideia de que parlamentares cortassem salários para manter auxílio emergencial. Maia disse que o custo da medida seria superior ao eventual corte nos contracheques de deputados e senadores.
Para que a conta se aproximasse do valor necessário para cobrir o pagamento do benefício, disse o presidente da Casa, seria necessária uma proposta com apoio de todos, inclusive do ministro Paulo Guedes (Economia) e do Judiciário, que são contra a ideia, para que salários acima de R$ 15 mil, por exemplo, fossem cortados.
“O que eu disse foi que, se essa é a proposta dele, deveria vir com o apoio de todos os servidores federais. Do Executivo, do presidente, dos seus ministros. Dos servidores todos, que ganham acima de um determinado valor, R$ 10 ou R$ 15 mil, e todos aqueles que não estejam diretamente envolvidos no enfrentamento ao coronavírus, como profissionais da área da saúde, entre outros”, disse Maia em entrevista à Rádio Gaúcha.
Na manhã de terça-feira (9), Bolsonaro disse que manteria o auxílio emergencial por mais dois meses caso deputados e senadores aceitassem reduzir seus salários para ajudar a financiar os custos do financiamento do programa.
Maia destacou que a proposta apenas para deputados e senadores seria insuficiente, sendo que os salários dos congressistas somam, durante o ano, cerca de R$ 220 milhões. Mesmo com a redução total, o que não está em debate, ainda faltariam mais de R$ 99 bilhões, já que o pagamento do benefício custará cerca de R$ 100 bilhões por mais dois meses.
“Não vejo isso como opção, porque o ministro Paulo Guedes já disse que não há essa necessidade, o poder Judiciário tem muita dificuldade nesse assunto, e parte da Câmara também tem essa dificuldade. Então, se o presidente quiser fazer essa proposta, tem que fazer reunindo os Poderes em uma mesa, sentar e organizar”, afirmou Maia.
Maia destacou que o mecanismo de crédito extraordinário, que permite que o governo atenda despesas emergenciais e que tem sido usada para outros gastos, é a provável solução para ser a fonte do financiamento do auxílio por mais dois meses.